quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Artista plástico é todo aquele que comunica sentimentos e transfere mensagens que, de alguma forma, serão lembrados, até mesmo na eternidade, como um testemunho cultural do seu tempo, rompendo doutrinas, superando a insensatez e ofertando amor ao próximo. Para tanto, deixa nas formas e nas dimensões sua assinatura, como contribuição para perpetuar a arte e o engenho dos seres encantados, ditos humanos.(Rocha Maia)
Uma abordagem política sobre arte naïf no Brasil
A arte naïf é instrumento de comunicação popular poderoso!
Recentemente, durante viagem à França, mais exatamente na cidade de Saint Germain-en-Laie, pertinho de Paris, ouvi o comentário de um dos organizadores do Marché des L'Art- 2013, justificando as razões de não haver por lá nenhum artista expositor representando o estilo naïf: -" ...trata-se de um estilo que está fora do interesse do público atual na França!"
Fiquei pasmo ao ouvir tal opinião, uma vez que em 2012, também no mês junho, eu participei como o único artista brasileiro daquele mesmo evento, na mesma cidade francesa, e pude constatar que havia um grande interesse do público pela arte naïf. Na verdade, havia um grande interesse por todos os estilos de artes plásticas, do realismo acadêmico ao naïf, passando por todas as demais formas de criação.
Como seria possível acontecer, de um ano para outro, uma inversão na tendência do gosto popular na França? Como entender que no país de Henri Rousseau, sim "Le Douanier Rousseau", que tem hoje seus quadros inseridos nos acervos dos principais museus franceses (ex. Musée d'Orsay)o povo não sinta mais interesse pela arte ingênua?
Ok! Vamos deixar de lado o problema da "instabilidade" do gosto dos franceses pela arte naïf. Não nos diz respeito! Na verdade, o que eu notei no Marchée des l'Art 2013 é que os chamados artistas modernos ou contemporâneos, como queiram rotulá-los, formaram um verdadeiro cartel e ocuparam totalmente o espaço do evento. Não só os naïfs estavam ausentes, mas também por lá não encontrei nenhum acadêmico.
E no Brasil, como anda o gosto do nosso povo pela arte naïf? Confesso que me interessa mais saber a resposta sobre isso, aqui!
Não vou abrir uma frente de batalha com as demais correntes de crítica ou prática artística. Não sou contra nenhuma delas. Apenas não aceito as falsificações e os falsos criativos, ditos "multi midiáticos",que querem nos impor uma parafernália de representações conceituais e plásticas que mais parecem ser a contra arte ou, como prefiro chamar, a imbecilidade do espaço e do tempo ocupados em nome da arte, onde o estético e o belo desaparecem, em troca da deformação e da feiura, como forma de escandalizar e chamar a atenção do público.
Me parece que os ensinamentos maquiavélicos de que os fins justificam os meios estão prevalecendo em alguns nichos do mercado de arte, onde a lavagem de dinheiro é o principal objetivo de valorização e interesse dessa "arte" moderna.
Então, retorno ao meu texto, após essa digressão sobre o que eu sou contra e não gosto em artes plásticas. Portanto, tudo o mais me parece ser arte legítima e verdadeira.
Em pontos opostos, estão a arte naïf e a arte realista, sem qualquer possibilidade de comparação prática que não vá além do entendimento do gosto popular. Ponto!
No miolo desse campo, estão todos os demais estilos e segmentos de arte, esses sim, conforme o afastamento das desconstruções ou a proximidade das linguagens e técnicas, vão surgindo nas interfaces que hora se assemelham ao traço naïf e hora ao traço clássico e realista. Tem gente que finge não ser naïf ou acadêmico por puro preconceito, resultando tal fuga de aceitação de um ou de outro estilo num cipoal de estilos sem uma classificação bem definida. Eu diria que são obras ainda sem uma identidade artística e que ficam no limbo.
Eu mesmo demorei a me entender e até mesmo aceitar como sendo um naïf. Três coisas ajudaram a me posicionar como naïf. A primeira foi ter sido aceito e premiado para participar por três vezes da Bienal Naïfs do Brasil, em São Paulo; a segunda foi conhecer a opinião da grande curadora da 8ª Edição da Bienal, Profa. Dra. Ana Mae Barbosa, que afirmava naquela ocasião que “esta não é uma bienal da pureza naïf, mas da contaminação, da afirmação de diferentes testemunhos visuais comprometidos com a cultura de nosso povo”; e a terceira foi merecer um artigo entitulado "Rocha Maia - O domínio do espaço", assinado por Oscar D’Ambrosio, jornalista, mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes (IA) da UNESP, campus de São Paulo e que integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).
Na verdade, tenho observado que a arte realista ainda é aquela que recebe a preferência do gosto popular e também das pessoas esclarecidas, que não se deixam levar pelas imbecilidades do pseudo modernismo sem sentido, atualmente presente nas artes em geral. Lembrem-se por favor de que eu estou me referindo à preferência das pessoas do povo brasileiro e não sobre os experts, os colecionadores e os artistas sérios. Minha coerência está no sentido da premissa já colocada:
A arte naïf é instrumento de comunicação popular poderoso!
Então, vamos lá!
E a arte naïf, onde fica? Quem gosta dela no Brasil?
Tentarei responder num próximo capítulo. Até breve!
domingo, 11 de agosto de 2013
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